"ela perguntou se podia fazer uma ligação, e é claro que podia.
correu então por toda a casa, e discou os números que sabia de cór e salteado, os números que tantas vezes já foram discados, e ficou esperando por um alô.
assim que a outra linha falou ela gritou um grande e emocionado 'SABES QUEM É?', e é claro que ela sabia, meu deus, quantas saudades.. e ela já não conseguia parar de dizer 'que bom, que bom ouvir sua voz, que bom'. já se fora um ano e meio desde que ela partiu mas isso só serviu pra deixá-las mais grudadas ainda, ela sentia sua falta e queria apertá-la, queria mais que tudo estar lá quando aquilo aconteceu, ela queria poder pular em cima dela até que as lágrimas cessascem, até que o riso descontrolasce, ah, ela queria.
naquele dia ela precisava ouvir sua voz, ela precisava saber como tudo ia, encher o saco dela, falar que o seu 'namorado' era um gay incontrolavél, rir de coisas idiotas e por fim desligar, tanto porquê era sexta à noite quanto porquê ela já tivera o que queria, ela conseguira ouvir a voz conhecida, encher-se de conforto e saber que nem tudo estava perdido, e era só isso que ela queria.."