quarta-feira, 23 de junho de 2010

derrepente

derrepente eu era só a menina que já foi amada, que passa e sorri rápido.
a menina que sorri com os olhos e olha com a boca, mordendo os lábios em um sorriso de lado..
derrepente eu era só a menina que passa e diz num sorriso tudo o que não disse naquele último dia.
derrepente tudo era passado, e o passado era todo novo, mais colorido.
porquê é isso que acontece quando a gente vai embora, lembranças boas gritam, esperneiam, machucam, enquanto as ruins, mesmo assim só nos fazem ter.. saudade.
saudade do perfume na dobra do braço.
saudade do sorriso no meio do pátio.
saudade, só saudade. saudade de ter, de ser, de amar, de dar, de receber.
e é assim que eu vivo, porquê derrepente eu sou só a menina que já teve, que já foi, que já amou, que já deu, que já teve alguém de quem recebesse, entende?
mas não é tão ruim assim.
derrepente eu era só a menina com um olhar indecifravel.
uma incógnita que olha e sorri, mas não diz, só pensa.
derrepente eu era só a menina que passa e sorri rápido..
que se diverte confundindo com uma sinceridade sagaz e vulgar.
derrepente eu aprendi a rir, e rindo aprendi a falar,
falar muito, tanto que doia a boca no fim do dia e os ouvidos de quem me ouvia,
derrepente eu passei a falar com a boca, ainda sim sorrindo de lado e mordendo os lábios, mas aprendi a olhar com os olhos também.
derrepente eu era só a menina que não fala nada certo, que passa e sorri rápido, corando de vergonha por nem lembrar o que falou.
derrepente eu era um monte de derrepentes que te passam e sorriem..

e depois, vão embora.

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